quinta-feira, 7 de abril de 2011

Realengo, 07/04/2011.

Definitivamente não sou de tapar o sol com a peneira e muito menos ainda de defender o governo ou governantes. Porem em relação ao ocorrido na E.M. Tasso da Silveira hoje, senti vontade de me pronunciar.

Sou professora da rede pública municipal. Moro e trabalho em Realengo. Conheço a escola e um considerável número de servidores que lá trabalham.

Sou mãe.

Um dos meus filhos é estagiário nessa escola e estava lá no momento da tragédia, tendo presenciado os momentos de pânico e a dor e o caos que lá se instaurou a seguir. Vivi na pele a apreensão de assistir impotente na TV o desespero da situação sem ter como me comunicar com meu filho, sem saber como ele estava, se estava ferido (graças à Deus, não. Ele estava bem.).

Soube, pelo noticiário, da ação heróica do menino que, ferido, fora buscar a ajuda providencial da polícia, evitando assim que tal tragédia tomasse dimensões ainda maiores.

Todo erro, toda falha e principalmente toda tragédia vem acompanhada de um ávido desejo de se encontrar culpados. Feliz ou infelizmente nem sempre isso é possível.

Particularmente nessa situação, não cabe de forma alguma se culpar a segurança pública, a direção da escola, a falta de decoro parlamentar, a corrupção... Nada. Nada mesmo.

Apenas nos resta lamentar uma tragédia tão previsível e tão evitável quanto um tsunami, e tal fato nos prova de forma desagradável e dolorosa a nossa completa impotência.

Por que escrevo isso? Simples: na esperança de levar algumas pessoas a se desarmar do ódio que possivelmente seria lançado contra esse atirador e dar lugar nos corações ao amor e à compaixão pelas vítimas e seus familiares. E vou muito mais além: aqueles que se puderem colocar num patamar de evolução espiritual superior (não, não estou dizendo que é o meu caso), dar lugar à compaixão pelo próprio assassino.

Entendam: não estou de forma alguma sugerindo que se “coitadize” tal pessoa. Apenas que se reconheça se tratar de um ser gravemente doente, desequilibrado e desprovido de qualquer senso moral ou ético ou social que se apresente como aceitável no padrão de sociedade humana e, portanto, digno de compaixão.

O que vejo como de grande importância nesse momento é não se permitir que a sensacionalização desse fato sirva de plataforma a pessoas e organizações que já se mobilizam com fins eleitoreiros e aproveitadores. Não cabe nesse momento se discutir salário, condições de trabalho, moralização ou dignidade da profissão de professor. Não é o caso, por favor!

O momento é de contrição, prece e atitudes. Aqueles que não são religiosos, que procurem os hemocentros e contribuam como puderem para amenizar tantas dores, mas não desperdicem seu tempo e suas energias procurando culpados ou colaborando com aqueles que o fazem.

O momento é de ação. Ponto.

Trabalhemos, então, da forma que melhor aprouver a cada um para que tenhamos não apenas um Rio de Janeiro, mas um Mundo com menos dores.

Um comentário:

Filipe disse...

lamento é a covardia em se matar...esse é dos que me daria diversão garantida.