terça-feira, 10 de junho de 2008

A beleza impossível.


(São Paulo, BR Press) - Em tempos de Fashion Rio e São Paulo Fashion Week, a obsessão pela magreza entra em alta. Cada vez mais, meninas e mulheres se submetem a tratamentos diversos para emagrecer, alisar os cabelos e perder pneuzinhos. Na busca incessante pela "beleza ideal", vale qualquer sacrifício - comportamento analisado pela psicóloga Rachel Moreno no livro A Beleza Impossível - Mulher, Mídia e Consumo (Editora Agora, 80 págs., R$ 25,90). O lançamento acontece nesta quarta (11/06), às 18h30, na Livraria Martins Fontes.
Moreno condena o bombardeio diário da mídia de padrões de beleza e aponta caminhos para quem deseja se defender dessa "influência insidiosa" - ou seja, daquilo que mexe diariamente com a auto-estima feminina. As beldades que posam para revistas e desfilam na TV formam um grupo seleto, mas, mesmo assim, esse padrão estético é cobiçado e desejado. Quem não se encaixa nele - a maioria das mulheres - sente-se excluída e humilhada e tende a aceitar qualquer sacrifício em nome da "beleza ideal".
Diante desse quadro, cabe perguntar: como as mulheres chegaram a esse ponto, depois de tantas conquistas importantes no último século? Quais são as conseqüências dessa obsessão para as adolescentes de hoje? Onde entram as "diferentes" - gordinhas, velhas, negras - nesse sistema?
Saúde pública?
A psicóloga Rachel Moreno responde a essas e outras questões no livro e desafia essa imposição social, ensinando a reconhecer os limites da ditadura da beleza. Na obra, a autora trata, ainda, da possibilidade real de o excesso de vaidade se tornar um problema de saúde pública, dada a interferência da mídia, da publicidade e dos interesses do mercado na formação das crianças e adolescentes.
"O ideal de beleza cria um desejo de perfeição, introjetado e imperativo. Ansiedade, inadequação e baixa auto-estima são os primeiros efeitos colaterais desse mecanismo. Os mais complexos podem ser a bulimia e a anorexia", afirma Rachel, lembrando que mesmo as mulheres adultas podem ter sua estabilidade emocional afetada.
Brasileiras
As brasileiras, segundo pesquisa internacional feita por uma multinacional da área de cosméticos, estão entre as que têm a auto-estima mais baixa - muito provavelmente em conseqüência do modelo de beleza eurocêntrico e inalcançável para a realidade nacional. De acordo com o levantamento, elas se submeteriam a todo tipo de intervenção estética para se sentir belas.
Esses dados, segunda a autora, podem ser comprovados cotidianamente. Só em 2003, as brasileiras gastaram R$ 17 bilhões na compra de produtos cosméticos e de perfumaria. O Brasil também apresenta o maior índice de mulheres que declaram ter feito cirurgia plástica.
Outros estudos revelam ainda que a população feminina no Brasil, comparativamente, é a que mais se submete a sacrifícios pela "beleza". Isso inclui dietas, malhação, remédios, cosméticos e toda a parafernália oferecida para alcançar o inalcançável.
Puro comércio
"A mulher brasileira busca se aproximar da silhueta típica das européias (mais longelíneas) ou das americanas (de seios mais fartos)", diz Moreno, apontando o fato como consequêndia da influência da mídia. "As mulheres estão bastante desconfortáveis consigo mesmas. Desconfortáveis e provavelmente com sentimento de culpa. Uma geração com baixa auto-estima. A quem serve isso?", questiona.
A resposta, segundo ela, é simples: "A verdade é que isso vende. Vende, vende, vende toda a parafernália de produtos, profissionais e serviços que não entregam o que prometem – como, aliás, ocorre com qualquer produto anunciado na mídia que, mais do que qualquer característica, ação ou desempenho, nos promete felicidade, modernidade ou sucesso", explica a psicóloga.
Com depoimentos, reprodução de casos e dados históricos e culturais sobre moda e beleza, o livro reúne argumentos valiosos para combater o massacre diário e midiático. Rachel Moreno propõe uma mudança de consciência que beneficiará enormemente as futuras gerações, com mulheres mais autoconfiantes e jovens menos vulneráveis.
Atentas às armadilhas consumistas, as mulheres serão cada vez menos escravizadas pela cobrança estética e mais dedicadas às questões realmente relevantes à sociedade. "É preciso garantir, para além das condições de saúde e bem-estar de todos, a beleza da diversidade e a diversidade da beleza", conclui.
Livraria Martins Fontes - Av. Paulista.


Quanto mais burra, mais fácil de se pôr cabresto...

Né não?




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